Heineken desiste da construção de nova fábrica de R$ 1,8 bilhão

Heineken Brasil desiste da construção de sua nova fábrica devido a impactos ambientais apontados por órgãos reguladores e redireciona o investimento.

A Heineken Brasil, segundo maior grupo cervejeiro do país, desistiu da construção de sua nova fábrica na cidade de Pedro Leopoldo, cidade localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, projeto que havia sido anunciado no final de 2020.

A subsidiária da multinacional anunciou que realizará uma expansão em sua fábrica de Ponta Grossa para atender a demanda projetada para 2023, enquanto redefine o local da construção de sua nova fábrica que deverá se localizar ainda no estado de Minas Gerais e entrar em operação em 2024.

A razão pela qual a Heineken decidiu abandonar o projeto da nova fábrica em Pedro Leopoldo foram conflitos relativos a viabilidade ambiental da construção e operação da unidade, que apresentaria riscos de impactar lençóis freáticos, estruturas de cavernas e um sítio arqueológico presentes na região.

As obras haviam sido embargadas em setembro deste ano pelo órgão federal de conservação do meio ambiente, ICM-Bio, fato que surpreendeu Heineken Brasil, pois todas as entidades da área ambiental da esfera estadual haviam dado aval para a construção.


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A construção da fábrica de Pedro Leopoldo era um importante marco do crescimento da marca no Brasil, pois seria a sua primeira fábrica totalmente construída no país, local cujo o aumento de volume comercial tem sido viabilizado apenas através da expansão de sua capacidade em unidades de produção já existentes e centros de distribuição.

Os novos caminhos de expansão da Heineken Brasil

Boa parte da expansão da Heineken está relacionado ao crescimento do segmento da chamadas cervejas premium no país, categoria que tem tido aumento consistente de consumidores ao longo dos últimos anos e tem sido alvo de investimento de todos os grandes grupos cervejeiros.

A localização da nova fábrica era estratégica para ampliação do segmento premium do portfólio Heineken. A multinacional foi fortemente impactada pela pandemia a nível global, e o papel de países como o Brasil, onde ela tem obtido uma sequência periódica de bons resultados, tem recebido uma atenção especial visando seu crescimento.

O segmento premium tem atraído o interesse de grandes cervejeiras no país, sendo que o fato mais recente que se destaca neste cenário foi o anúncio da construção da fábrica marca espanhola Estrella Galícia, que se localizará no estado de São Paulo, mirando quase que exclusivamente esta categoria.

Fábricas do porte das gigantes como a Heineken são investimentos que entram em operação após um a dois anos de sua construção mirando atender um volume projetado de vendas. A capacidade de produção da nova fábrica seria de 760 milhões de litros por ano com um investimento de R$ 1,8 bilhão na unidade.

A melhor saída encontrada pela Heineken Brasil para não perder sua onda de crescimento, foi o investimento na ampliação de sua fábrica de Ponta Grossa, no Paraná, que substituirá parcialmente o volume que seria alcançado com a nova fábrica de Pedro Leopoldo.

Enquanto isso, uma nova fábrica, ainda pensada para se localizar no estado Minas Gerais foi postergada para o ano de 2023, cujo o projeto será muito mais criterioso para se certificar que impactos ambientais que poderiam custar caro para a Heineken não sejam um risco para a sua marca.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.