Foi divulgado nesta sexta-feira (3), no Salão Paranaense de Turismo, que acontece no Expo Unimed, em Curitiba, o Mapeamento das Cervejarias Artesanais do Paraná 2018, realizado pelo projeto do Sebrae/PR, Associação das Microcervejarias do Paraná (Procerva) e a Faculdade Guairacá. O levantamento foi realizado de setembro a novembro de 2018, com 64 empresas que possuem fabricação em planta própria no Estado, com registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
No estudo foram identificados a localização das empresas, o perfil socioeconômico dos empreendedores, os principais estilos produzidos, a capacidade produtiva instalada, o tempo de atuação, o nível de inovação nos empreendimentos, quem são os fornecedores, os canais de distribuição, entre outras informações.
O levantamento, realizado dentro do projeto de Potencialização das Cervejarias Artesanais do Sebrae/PR, teve a Faculdade Guairacá, de Guarapuava, como a responsável pela validação dos dados. “O mapeamento é necessário para que o Sebrae/PR acompanhe a evolução do setor e determine soluções estratégicas a serem ofertadas para as empresas do segmento. O estudo também poderá ser utilizado por empresários e instituições ligadas ao setor para analisar o mercado, com o objetivo de identificar onde está a maior concentração de cervejarias artesanais, quais são os estilos mais vendidos e regiões com potencial de expansão”, avalia a consultora do Sebrae/PR, Daniele Machado.
Para o presidente da Associação das Microcervejarias do Paraná (Procerva), Anuar Tarabai, o mapeamento mostra crescimento do setor e o significado que tem na economia, pela geração de emprego e renda. “Os dados reforçam para a sociedade que é um setor em ascensão e que veio para ficar. Serve ainda como um balizador para os empresários, que podem nortear suas ações no mercado”, comenta.
Anuar acredita que o levantamento pode subsidiar reinvindicações junto ao poder público no que diz respeito à redução da carga tributária, por exemplo. “O mercado de bebidas alcoólicas é um dos que mais paga impostos, com alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de 29%. Apesar disso, contribui com a economia, gerando impostos e postos de trabalho”, pontua.
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A visão é compartilhada pelo empresário Carlos Manuel, de Curitiba, que atua há sete anos no setor e acredita que por ser um mercado novo, com a maioria de micro e pequenas empresas, existe uma carência de informações. “O mapeamento é importante no sentido de mostrar para a sociedade, entidades e principalmente o poder público a força de mercado que o setor tem. Merecemos uma atenção especial para termos igualdade de competitividade com os demais estados”, cita.
A maioria (42,20%) das empresas produtoras de cerveja artesanal no Estado empregam entre 1 e 5 colaboradores, 26,56% não geram postos de trabalho, 20,31% empregam entre 10 a 15 profissionais e 4,68% têm mais de 16 colaboradores.
O estudo aponta que a região de Leste possui 41,02% das cervejarias artesanais do Paraná, seguida pela região Norte (23,08%), região Centro (20,51%) e região Oeste (8,97%). As regiões Sul e Sudoeste abrigam 3,85% e 2,57% dos empreendimentos, respectivamente. A produção da cerveja ocorre, na maioria, 90,19%, em fábrica própria. Apenas 9,81% utilizam fábrica de terceiros para produzir ou complementar a produção mensal, caso necessário. Quase 30% dos entrevistados responderam que envasam para os chamados “ciganos”, que são aqueles que não possuem uma fábrica própria.
A maioria dos empresários envolvidos na produção de cerveja artesanal no Paraná tem nível superior completo (62,05%), 31,25% possuem pós-graduação ou mestrado e 6,25% ensino médio. “Os dados indicam que os produtores de cerveja artesanal têm alto nível de escolaridade, o que pode auxiliar na administração do empreendimento e na adoção de ferramentas de gestão”, diz a consultora Daniele Machado. A maioria (39,06%) dos iniciou na atividade como hobby e virou um negócio, 9,37% viram o setor como uma oportunidade e 35,95% queriam investir em um empreendimento.
O levantamento aponta que 39,07% das empresas estão no mercado há mais de 7 anos, 23,43% têm de 3 a 5 anos de atuação, 17,19% atuam entre um 1 a 3 anos e, 6,25% das cervejarias têm menos de 12 meses de atividade.
Dados revelam perfil de cervejarias artesanais do Paraná
Fonte: SEBRAE/PR
Dentre os estilos mais produzidos estão a Pilsen (23,07%), IPA (19,23%), APA (16,92%), Lager e Weiss (13,07%), Porter (4,61%), Witbier (3,07%), Stout e Red Ale, ambas com 2,30%, e Red Lager, Golden Strong Ale, Abadia e outras com 2,36%. Com relação à capacidade produtiva instalada, 28,12% disseram ter capacidade de produzir entre 1001 e 5.000 litros, mensalmente. Outros 23,43% afirmaram ter potencial de produção de 20.001 e 500.00 litros ao mês.
A produção mensal é diversificada com 29,68% produzindo entre 2.001 a 5.000 litros. Outros 21,90% ultrapassam os 200.000 litros ao mês. No que se refere ao envase, a maioria (65,95%) opta pelo barril, 31,91% pelo envase em garrafa e 2,12% pelo envase em lata.
A compra de insumos para a produção da cerveja artesanal é realizada, na maioria das vezes, com 36,19% de fornecedores de outros Estados, 34,28% importados, 24,76% adquirem no Paraná e apenas 4,76%, regionalmente.
Com relação à quantidade de rótulos (estilos), 40,62% comercializaram mais de 8 rótulos nos últimos 12 meses, 29,68% entre 2 e 4 rótulos e 23,45% entre 5 e 8 rótulos. A maioria dos empresários (60,60%) realiza a própria venda dos produtos, 18,18% apostam no distribuidor, 16,16% têm representante comercial. Outros canais como lojas on-line, e-commerce e delivery foram citados por 5,06% dos entrevistados.
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Bares e restaurantes estão entre os locais mais citados de vendas dos produtos (35,80%), seguido pela venda direta ao consumidor (33,33%), empórios e lojas especializadas (19,75%) e supermercados 11,12%. A comercialização da cerveja artesanal ocorre na maioria das vezes regionalmente. 38,46% dos entrevistados afirmaram ter alcance regional, 32,30% nacional e estadual (18,46%). 3,08% possuem cervejas sendo exportadas e 7,70% vendem localmente.
Com relação à inovação, 43,05% investiram em inovação na área de processos de produção, 16,66% em produtos, 9,72% em marketing e emserviços 2,80%. A tributação que incide sobre o setor é apontada como a principal vilã pelos empresários (38,52%), seguida pela falta de incentivos fiscais (22,95%), falta de recursos financeiros (14,75%) e falta de planejamento (13,15%).
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.