Maior cervejaria da Alemanha desiste de unidade de cervejas artesanais

O grupo Raderberg, maior cervejaria da Alemanha, comunicou que vai descontinuar sua unidade exclusiva para cervejas artesanais

O grupo Raderberger, líder em volume de vendas do mercado cervejeiro da Alemanha, dono de marcas como as cervejas Jever e Krostitzer, anunciou o fim de sua unidade independente para cervejas artesanais chamada de Braufactum.

Em 2010, a Radeberger lançou a Braufactum, sendo uma das pioneiras a levar algo mais próximo do conceito de movimento norte-americano de cerveja artesanal para o solo alemão. Seus concorrentes questionaram inicialmente a nova ideia. No entanto, mais tarde muitos fabricantes de cerveja alemães iniciaram projetos semelhantes.

Porém, o crescimento da marca, que atingiu o volume de produção de 15 mil hectolitros anuais, parece não estar atendendo as expectativas da Radeberger que decidiu descontinuar a unidade independente da Braufactum e passará toda a gestão e operação da marca para dentro da holding.

A construção de unidades independentes para a gestão da cerveja artesanal dentro de grandes grupos cervejeiros é algo comum dado as grandes diferenças de dinâmica existentes neste nicho.


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Talvez um dos destaques dentre as grandes cervejarias neste tipo de iniciativa seja a ZX Ventures, unidade de inovação da AB InBev que, além de colaborar em diversos aspectos de negócio das cervejarias artesanais do conglomerado, atua em várias frentes ligadas a outras bebidas e soluções de novas tecnologias para a gigante.

No caso específico da Braufactum uma particularidade do mercado alemão parece estar associado a mudança de rumo. O negócio da cerveja artesanal no país tem se demonstrado pouco adequado para grandes projetos.

“O fato é que: apesar de todo o entusiasmo, a cerveja artesanal continua sendo um negócio de nicho que exige uma quantidade incrível de força, dedicação e recursos para impulsioná-la.  Infelizmente, devemos dizer que o segmento na Alemanha se desenvolveu muito mais moderado do que o esperado, apesar do entusiasmo inicial dos agentes de vendas e amantes da cerveja pela cerveja artesanal” declarou o diretor administrativo da Braufactum Marc Rauschmann em uma entrevista ao portal alemão Getraenke-news.

Outro projeto de grande porte para cerveja artesanal descontinuado no ano passado no país foi o da americana Stone Brewing que vendeu sua imponente e nova fábrica construída em Berlim para a Brewdog.

Cervejarias artesanais crescem na Alemanha, principalmente nos grandes centros, porém em um nível que se demonstra cada vez mais afeito a pequenos negócios, uma vez que a cultura secular alemã na cerveja, muito arraigada em regionalismos, criou cervejarias históricas de grande volume numa dinâmica que em certa extensão dificultou até mesmo a entrada de grandes grupos internacionais no pais

Soma-se a todo este cenário a redução de consumo de álcool pelas gerações alemãs mais jovens e a recente crise do novo coronavírus que como em todo mundo reduziu o avanço dos segmentos com grande dependência do setor de bares e restaurantes.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.