Proibição de cerveja na Copa é uma dor de cabeça de $75 milhões para AB InBev

Proibição de venda de cerveja em estádios da Copa do Mundo do Qatar atinge relação de patrocínio de décadas entre FIFA e AB InBev

A reviravolta provocada pela proibição repentina de cerveja em estádios da Copa do Mundo do Catar atinge diretamente a relação de longa data de patrocínio da gigante AB InBev, através de sua marca de cerveja internacional Budweiser, que possui um contrato milionário de exclusividade como cerveja oficial do evento.

O conflito entre culturas promovido pela realização da Copa do Mundo atingiu duramente a relação com bebida alcoólica, categoria de produtos que é regulada de maneira altamente restritiva no país do Oriente Médio

Desde que o Catar, uma pequena monarquia conservadora do Oriente Médio, recebeu os direitos de organização da Copa do Mundo de 2022 há mais de 10 anos, os organizadores insistiram que a cerveja – um item obrigatório em eventos de futebol em todo o mundo, mas rigidamente controlado no Catar – estaria disponível no campeonato.

Porém, 2 dias antes do início dos jogos chegou ao público a decisão abrupta de que bebidas alcoólicas seriam proibidas completamente no interior dos estádios ao longo das partidas.


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A razão do anúncio de proibição tão repentina não foi revelada, mas o conflito entre a cultura ocidental e a monarquia do Catar tem sido uma constante nesta Copa, principalmente em questões relativas aos direitos humanos, e a proibição do consumo de cerveja nos estádios parece ser apenas mais um capítulo relacionado a isso.

Uma semana antes uma outra decisão retirou dezenas de barracas de cerveja vermelhas cobertas com a marca da Budweiser, patrocinadora de longa data da Copa do Mundo e a cerveja oficial do torneio, de pontos de grande visibilidade, sendo estas transferidas para locais mais discretos na Copa do Mundo do Catar, longe dos olhos de onde passarão a maior parte da torcida que irá assistir aos jogos.

Questão atinge diretamente a relação da FIFA com a AB Inbev

A reviravolta relacionado a cerveja na Copa é um fator que complicará o contrato de patrocínio de US$ 75 milhões da FIFA com a Budweiser, marca internacional pertencente a gigante AB InBev, maior cervejaria do mundo.

A Budweiser tem sido uma presença onipresente na Copa do Mundo desde que se inscreveu como patrocinadora da FIFA um ano antes da Copa de 1986 no México, e mais uma vez planejou ser uma presença importante no Catar.

O acontecimento mostra uma perda de poder da Fifa dentro da organização do evento, ao se relembrar que no caso da Copa do Mundo no Brasil em 2014 a entidade pressionou a legislação brasileira a liberar a venda de cerveja em estádios de futebol, que à época se encontrava proibida.

A tensão entre organização e patrocinadora promovida com a reviravolta da proibição da venda cerveja chegou a uma postagem via Twitter da Budweiser de forma um tanto irônica comentando “Bem, isso é estranho…” em relação ao anúncio oficial da Fifa sobre o banimento de consumo de cerveja nas arenas. O comentário foi posteriormente apagado pela marca de cerveja.

Sem cervejarias na região, a AB InBev teve que enviar seu produto para o Catar por frete marítimo e, em seguida, encontrar um espaço de armazenamento refrigerado para protegê-lo do clima ultraquente do país.

As vendas de Budweiser Zero, versão sem álcool da marca de cerveja, ainda é permitida dentro dos estádios da Copa.

A FIFA terá uma grande oportunidade de melhorar seu relacionamento de longo prazo com a Fifa na próxima Copa que ocorrerá em 2026 em e será organizado em conjunto pelo Canadá, México e Estados Unidos, tendendo a ser altamente valorizado por atingir diretamente diferentes mercados.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.