A cervejaria Quatro Graus, nascida no Rio de Janeiro em 2016, está marcando seu quinto ano de operações com a troca de sua identidade visual que apresenta uma nova logo e um novo padrão visual de suas embalagens.
A Quatro Graus foi uma das primeiras cervejarias do Brasil a investir de forma concentrada em cervejas extremas, com um portfólio de cervejas quase sempre com dois dígitos no percentual de teor alcoólico, algo muito pouco comum no Brasil quando iniciaram seu trabalho.
O desafio de produzir cervejas com essas características naquela época, para a cervejaria que realiza produção de forma terceirizada, era convencer fábricas a produzir cervejas que requerem tempos de fermentação e maturação muito acima da média e também convencer pontos de venda a comprarem cervejas com preços muito acima do comum mesmo para cervejas artesanais.
“Era bastante complicado conseguir um tempo de tanque bastante acima da média de outras cervejarias ciganas em fábricas e acontecia de alguns PDVs rirem da nossa cara quando falávamos qual era o preço das nossas cervejas” comentou Marlos Monçores, um dos sócios-fundadores da Quatro Graus, em conversa com a Catalisi.
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“Hoje em dia no mercado de artesanais aqui você encontra cervejas a 200 reais o litro, mas naquela época no mercado nacional quase não tinha e no Rio de Janeiro com certeza não havia” lembra ele.
Uma das características da expansão contínua das cervejarias artesanais é possibilitar a criação de novos núcleos de produtos antes não existentes para o mercado de cerveja, como, por exemplo o de cervejas de maior potência alcoólica que é o foco do portfólio da Quatro Graus.
Esses novos núcleos ao longo do tempo formam pequenos nichos com novas perspectivas que, no caso de cervejas de maior potência alcoólica, permitem explorar o equilíbrio na inserção de diferentes sabores através insumos e a utilização de maturação de cervejas em madeiras. Isso acaba por formar ocasiões de consumo muito diferentes de cervejas destinadas para momentos mais casuais.
De certa maneira, o desejo de ver algumas dessas possibilidades sendo exploradas no Brasil foi guiando o caminho para a evolução da Quatro Graus.
“Desde a produção da nossa primeira Black Anthrax (uma Russian Imperial Stout de 15,4% de teor alcoólico) guardamos um volume para maturação em barris de madeira e também guardamos exemplares para permitir a criação de kits de degustação de uma sequência de anos diferentes” comentou Marlos sobre como enxergaramm o potencial da criação de produtos desde o começo
Com o tempo o nicho de cervejas artesanais no país começou a absorver produtos com essas características e ao mesmo tempo a Quatro Graus foi ganhando entendimento de como buscar aproveitar melhor essas oportunidades, como a alteração de sua produção para o estado de São Paulo, onde se concentra seu maior mercado consumidor e onde desenharam um modelo de parceria mais atraente para sua terceirização.
Num certo momento, na busca por conseguir ampliar seu mercado e trazer mais viabilidade para o negócio, a Quatro Graus experimentou a criação de algumas cervejas distanciadas do início de sua trajetória e testou alguns estilos de identidade visual fora do seu comum
“Nossa identidade estava ficando um pouco difusa na vontade de conquistar novos públicos e desagradando antigos fãs, daí decidimos repensar. Sem medo de errar a gente sempre fez muita mudança. E quando erramos tentamos ‘errar rápido’ e aprender com os erros” comentou Marlos.
Com a nova identidade visual lançada agora com a chegada aos cinco anos da Quatro Graus, a cervejaria investiu em ter uma logo mais limpa e informativa. Elementos visuais destacam também a importância da ciência para a marca que foi criada por sócios todos cientistas.
O novo padrão de design das embalagens foi pensado de forma a permitir um reconhecimento mais fácil em gôndolas de quais as cervejas pertencem a Quatro Graus.
Isso pode ser visto já no último lançamento da Quatro Graus, a Triple IPA In the Struggle for Life, que possui 13% de teor alcoólico e utilizou um ingrediente inusitado, farinha de uva bordô, que adiciona características frutadas diferenciadas para a cerveja, além de uma coloração púrpura.
“Para a construção desse novo padrão de embalagens ouvimos muito feedback das pessoas presentes nos pontos de venda. Cinco anos é um bom tempo. Tudo muda, a gente não precisa ficar parado” finaliza Marlos sobre a nova fase da Quatro Graus
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.