A produção de malte do hemisfério norte tem passado por uma grande crise ligado a fatores climáticos que tem gerado perdas na produção do insumo cervejeiro e aumento do seu preço.
Junto a este cenário o malte importado tem sofrido com a escalada dos preços de frete marítimo que está colaborando para o encarecimento do malte importado, o que gera um impacto em todo o setor cervejeiro sendo mais grave para microcervejarias que ficam mais expostas com desafios financeiros e não costumam ter uma produção de malte própria como as grandes cervejarias.
Cerca de dois terços do malte utilizado no Brasil é importado, algo que é mais crítico ainda para maltes especiais. A maior parcela do malte importado para o Brasil vem da Argentina e Uruguai, sendo seguido por maltes vindos da Europa.
Maltes da Europa sofreram tanto com o baixo volume, quanto com a qualidade da safra. As más condições climáticas durante o período de crescimento da cevada de primavera na Europa resultaram em grãos de 5 a 10% menores em comparação com os anos anteriores. Uma vez que os grãos pequenos não são adequados para a maltagem, eles precisam ser separados, o que resulta em um rendimento reduzido e, portanto, em um preço mais alto da cevada e do malte.
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As chuvas durante a colheita favoreceram não só o crescimento de fungos, mas também induzira a pré-maltagem. A pré-maltagem ocorre quando a cevada começa a germinar antes da colheita. Esses grãos geralmente não germinam uma segunda vez, e a presença de 5% ou mais grãos germinados pode tornar o lote impróprio para maltagem, contribuindo para redução dos resultados da colheita.
Desde o ano passado o setor cervejeiro tem enfrentado problemas em sua cadeia de suprimentos, em boa parte devido a desorganização de seu funcionamento devido a pandemia. Desencontros entre capacidade de oferta e retorno acelerado da demanda tem trazido escassez e aumento de preços de insumos e embalagens.
A European Malting Association (Euromalt), entidade que representa os produtores de malte, projeta um déficit de 200.000 toneladas de cevada de primavera este ano para a produção de malte no mercado europeu, devido as dificuldades enfrentadas.
Um outro fator que tem trazido um forte impacto para o mercado de malte importado é o que tem se chamado de “crise dos contêineres”, que tem sido o nome dado a uma incomum escassez de espaço disponível para o transporte de produtos através de contêineres.
Soma-se a isso uma onda encarecimento do frete marítimo. Em todas as partes do mundo, quem precisa transportar mercadorias está enfrentando dificuldades. Falta de contêineres, retenção de embarcações nos terminais portuários e fretes com alta de três dígitos.
O preço do frete cresceu 50% ao longo de 2021 e para o ano que vem é esperado uma alta de 50 a 100% conforme publicação que analisou os impactos sobre o comércio externo de produtos agrícolas no Globo Rural.
Gargalos na cadeia de insumos na produção de produtos, com a demanda voltando mais rápido que a oferta, e o incentivo financeiros promovidos em diferentes países superaqueceram importações com o retorno de mercado na fase de reabertura nos últimos meses com um nível de pandemia mais controlado., esses fatores ajudam a explicar as razões de alta dos fretes que tem impactado o mercado de malte.
Uma redução da crise para o mercado de maltes pode ser a safras acima da média do hemisfério sul, principalmente Argentina e Austrália, que compensem ao menos parcialmente as perdas ocorridas no hemisfério norte
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.