Three Monkeys cresceu 60% em 2020 investindo no grande varejo

Combinando adaptação e busca por expansão a cervejaria Three Monkeys tem trabalhado diversidade de portfólio com entrada em diferentes canais do varejo pelo Brasil

A Three Monkeys, cervejaria carioca que trabalha com o modelo de produção terceirizada, vem investido na entrada de seus produtos em grandes redes do varejo, tanto no físico quanto no online

Esse trabalho vem rendendo para a marca a possibilidade de contato com um público mais abrangente, que por consequência é menos habituado a consumir produtos de microcervejarias independentes, Ao mesmo tempo esta estratégia tem permitido ampliação de seu volume de vendas, por viabilizar a entrada em parceiros comerciais que demandam um volume maior de fornecimento e que tiveram seu movimento de público preservado durante a pandemia.

Nos últimos meses, produtos do portfólio da Three Monkeys entraram em players como Amazon, Magazine Luiza e Makro. Isso só foi possível devido a execução de um planejamento que vem sido amadurecido pela evolução da cervejaria e também pela sua busca em se adaptar rapidamente aos impactos provocados pela pandemia

“Isso sempre foi um objetivo da cervejaria. A gente sempre entendeu a Three Monkeys como uma cervejaria que pudesse apresentar a cerveja artesanal pra quem nunca tinha experimentado e também fazer produtos ultra específicos pra quem é um beer geek, por exemplo. Sempre dividimos as nossas estratégias e as nossas linhas de produtos nesse sentido.” cometou Rogério Donato, Gerente de expansão na Three Monkeys Beer


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Microcervejarias com modelo baseado na terceirização de produção, as chamadas ‘cervejarias ciganas’ costumam iniciar com um volume de produção muito pequeno e bastante focado em algum nicho específico.

No início da Three Monkeys em 2013 a diversidade de público consumidor existente era bastante diferente do atual para cervejarias artesanais, e ao longo dos anos a marca buscou se adaptar para explorar diferentes oportunidades neste sentido, o que tem se refletido no seu portfólio e nos canais de distribuição que tem alcançado.

“Na linha fixa temos produtos que são pasteurizados, que nunca tem ruptura, que conseguem ter uma abrangência maior, a gente sempre focou em estar presente em On Trade, mas bares especializados, restaurantes, hotéis e também esse tipo de clientes. E também temos a nossa linha high end, que são as nossas collections sazonais, a gente atende ao publico mais cervejeiro” explicou Rogério.

Nos produtos para o público mais especialista não há necessidade de uma periodicidade exata de produção e existe uma necessidade de sempre incorporar inovações nas receitas e na promoção dos produtos. Já na linha fixa que alcança um público mais abrangente o foco é na manutenção da qualidade e ganho de volume para ser competitivo em diferentes tipos de canais de venda.

“Seguindo essa estratégia, a gente foi uma das primeiras marcas a entrar no supermercados Zona Sul, por exemplo, que hoje é uma referencia em cervejas artesanais no Rio de Janeiro. “Dali em diante houve uma mudança estratégica interna da nossa equipe, e que tem funcionado muito bem, que foi a divisão da nossa equipe comercial. Então hoje temos os farmers que cuidam das bases, que cuidam da carteira de clientes, e temos também os hunters, que é o time de expansão que busca novas oportunidades o tempo todo: seja no on trade, seja no off trade” comenta Rogério.

No off trade, sempre é um desafio implementar a entrada da marca por muitas vezes se tratar de uma relação com grandes redes. Em várias ocasiões cabe a cervejaria entender que muitas dessas redes estão começando a trabalhar com cervejas artesanais. Logo são negociações que levam mais tempo e exigem maior desenvoltura da cervejaria. As mudanças internas realizadas a algum tempo, permitiram que a marca conseguisse executar isso, o que foi essencial encontrar ótimas oportunidades durante o período difícil da pandemia.

“A questão da gente estar sempre buscando aumentar e diversificar a nossa carteira de clientes, isso permitiu que nós pudéssemos passar por tudo e isso e ainda crescer mais de 60% em 2020, em relação a 2019, mesmo com a situação da pandemia. Desde o início de 2020 até hoje, a gente entrou no St. Marché, Santa Luzia, Empório Santa Maria, Eataly , Makro, Hirota em SP. No Rio já entramos no Hortifrutti nesse período, acabamos de entrar no Condor, no Paraná, que é uma rede local muito representativa na região. E no online a mesma coisa, então fechamos boas parcerias com o Mercado Livre, Amazon, Magalu, com o Empório da Cerveja. E principalmente o Zé Delivery, que é um case interno que é interessante pra nós.” revelou Rogério sobre o trabalho da Three Monkeys em abrir novos parceiros no varejo.

Adaptação foi crucial para conseguir enfrentar momento da pandemia

Conseguir encarar os obstáculos criados pela pandemia exigiu da Three Monkeys um exercício de adaptação contínua, o que levou sua estratégia a ser alterada e o online e o offtrade a ganharem força. Ao mesmo tempo em que conseguiram levar a marca para diferentes estados.

Por exemplo, hoje a Three Monkeys atende mais de 500 operadores do Zé Delivery entre Rio, SP e Paraná. No foco de expansão para outros estados, atualmente já possuem uma filial em São Paulo e no Paraná que atendem os bares, restaurantes além do Off Trade nessas regiões. A cervejaria iniciou também vendas diretas através seu site próprio www.threemonkeysbeer.com no ano passado.

“É uma adaptação diária. Desde o início começamos a nos movimentar, fizemos vários reajustes na equipe pra todo mundo estar atendendo os pontos de venda. Principalmente naquele início onde o On Trade sentiu muito com o fechamento dos bares. Temos a facilidade de ser uma empresa dinâmica, nem um pouco burocrática permitiu que  a gente fosse evoluindo nesses meses, apesar de todas as dificuldades, pra poder encarar esse período mais complicado.” comentou Rogério.

No início de 2020, ainda sem os impactos da pandemia no Brasil, a Three Monkeys investiu na diversificação de deu portfólio lançando Hintz, o Hard Seltzer próprio da marca. De lá pra cá uma série de outras empresas começaram a investir na bebida no país.

“Hoje Hintz está cadastrada na maioria das redes de autosserviço que atendemos. Tem uma boa entrada no On Trade também. O público está cada vez mais descobrindo, não só a Hintz, mas a Hard Seltzer em si, que é um tipo de bebida que está muito grande lá fora e que está crescendo aos poucos no Brasil.”

Após o seu lançamento Hintz foi trabalhada para complementar canais onde a Three Monkeys já está presente, mas também tem permitido a empresa trilhar estradas novas entrando em contato com um público menos interessado em cervejas.

“A recepção a Hintz tem sido muito boa, assim como esperávamos. Além de ser um produto refrescante, ele está presente em outras ocasiões de consumo quando comparada a cerveja. Ela é uma filha da Three Monkeys, que tá dentro do guarda-chuva, e que hoje tem vida própria.” finaliza Rogério sobre as novas oportunidades criadas pela Hard Seltzer.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.