Fenômeno do Hard Seltzer começa a despontar fora dos EUA

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Hard Seltzer, bebidas alcoólicas leves de crescimento explosivo nos EUA, começam a ganhar prateleiras de outros países e Brasil deverá ser uma das próximas paradas

com criação de texto de João Pedro Peçanha

Incolor, transparente, borbulhante, leve, fácil de beber e saborosa. Essa poderia facilmente ser a descrição de uma água com gás com sabor e até mesmo lupulada, mas não. Esses atributos descrevem a Hard Seltzer, bebida alcoólica que vem ganhando espaço e notoriedade nos últimos anos nos EUA.

As Seltzers possuem uma receita simples e costumam ser feitas a partir de água, minerais corretores de água e de pH, uma fonte de açúcar neutra (geralmente açúcar refinado de cana), suco de fruta, extrato ou essência de fruta e levedura (em geral uma cepa neutra e bem atenuante). Seu método de produção varia entre as marcas, podendo ser fermentadas ou destiladas após a fermentação.

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A seltzer, junto com outros produtos RTD (Ready To Drink), detêm apenas 2,6% do mercado de bebidas alcoólicas nos EUA, mas seu crescimento tem sido o maior entre as bebidas que disputam o segmento etílico, contabilizando, nos últimos 6 anos, um crescimento de 43%

Lançada no mercado americano no ano de 2016, as Hard Seltzers conquistaram os paladares e os bolsos dos consumidores nos EUA. Por ter um drinkability alto, ser saborosa e possuir um preço competitivo, a bebida penetrou em nichos de mercado dos mais diferentes possíveis.

Alguns fatores foram responsáveis para que as Seltzers tivessem um crescimento tão potente. A exemplo disso, os jovens (ditos Milennials) preocupados com a saúde, o consumo de álcool e a ingestão de calorias, aderiram em massa à bebida por conta de seu baixo valor calórico (os números variam, mas 1 lata de 350ml de uma seltzer costuma ter entre 100-130 calorias) e teor alcoólico moderado. Apesar do marketing da Hard Seltzer
ser voltada para o público jovem e para o consumo ligado ao verão e à tropicalidade, a bebida consegue atingir bons números nas quatro estações e todas as faixas etárias de consumidores de bebidas alcoólicas.



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As hard seltzers apresentam 2 marcas de grande relevância nacional nos EUA: a Truly (pertencente a Boston Beer Company, produtora da cerveja Samuel Adams) e a White Claw (criada pelo grupo internacional de bebidas alcoólicas Mark Anthony Brands).
Essas duas produtoras aglutinam, sozinhas, 85% do mercado de seltzers americano.

Essa concentração fez com que cervejarias artesanais como Trillium, Night Shift, Oskar Blues, grandes cervejarias como a Budweiser (que recentemente investiu pesado na produção e visibilidade de sua seltzer para o Super Bowl) e produtoras de destilados, como a Smirnoff, entrassem no negócio das águas borbulhantes e alcoólicas visando abocanhar esse mercado que tem previsão de crescer mais de 300% do seu tamanho até 2023 de acordo com a empresa de inteligência de mercado IWSR.

Hard Seltzers começam a ganhar investimentos fora dos EUA

Com o grande crescimento em vendas nos EUA, outros locais do mundo estão começando a receber investimentos visando iniciar a oferta de Hard Seltzers, na expectativa que a tendência de preferência do público se replique em outros países.

Dentre estes o Reino Unido tem se destacado inicialmente com o surgimento de uma série de pequenos produtores locais, e mais recentemente com investimentos da AB InBev que iniciou a chegada de sua marca Mike’s Hard Sparkling Water, e já confirmou que em breve levará também a Bud Light Seltzer. A White Claw, que pertence a companhia independente Mark Anthony Brands, também já tem sua chegada especulada em terras britânicas.

Aparentemente o sucesso das seltzers com millenials tem se reproduzido no Reino Unido. “Em quatro meses eu vendi 3.600 caixas e tive que aumentar minha produção por 5 meses” declarou Charlie Markland, dono da marca londrina Bodega Bay, ao jornal Telegraph.

No Brasil a primeira marca a investir em hard seltzer foi a catarinense Jovi que gradativamente tem ampliado seus pontos de venda. Porém já há um movimento da grande indústria no sentido de testar o mercado brasileiro para este segmento uma vez que a Ambev já iniciou a introdução da marca Mike’s Hard Sparkling Water (tal qual no Reino Unido) no país e desenvolveu uma nova marca para o mercado brasileiro chamada Isla. Veremos em breve como será sua repercussão por aqui.

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Sobre o autor

João Pedro Peçanha é psicólogo e mestrando em psicologia pela UFRJ

Sommelier de cervejas e mestre em estilos

Sobre o autor

Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.