A cervejaria Hocus Pocus criada em 2014 na cidade do Rio de Janeiro angariou nos últimos anos grande reconhecimento e forte engajamento do público com a sua marca.
Com um marketing concentrado numa atmosfera psicodélica que alcançou grande sucesso em parte pela equipe de ilustradores que a cervejaria montou, a Hocus Pocus se tornou um dos casos de cervejaria cigana que conseguiu construir um grande crescimento de vendas dentro deste modelo de produção.
Após três anos com produção terceirizada, principalmente na fábrica da cervejaria Antuérpia, a Hocus Pocus iniciou ano passado a construção de sua própria fábrica na cidade de Três Rios, no interior do Rio. Inaugurada no final de março deste ano a unidade de produção passou recentemente a produzir 100% das cervejas da marca, após uma fase de transição de seu portfólio para a nova casa.
“A ideia é ter controle total sobre as cervejas que criamos, e isso é algo mais difícil de fazermos no modelo cigano” comenta Pedro Butelli, um dos sócios da cervejaria.
Uma das estratégias no médio prazo de cervejarias ciganas é utilizar o modelo para a construção de um volume de comercialização para que posteriormente um dos riscos da construção de uma unidade de produção própria seja diminuído.
“Em comparação com ter criado uma fábrica do zero (sem ter estabelecido uma marca cigana antes, por exemplo) com certeza tínhamos um pouco mais de segurança em relação ao fluxo de vendas, sim” comenta Pedro sobre o tema
A nova casa da Hocus Pocus é fruto de um investimento de R$ 8 milhões e vai gerar cerca de 100 novos empregos diretos, além dos indiretos nas áreas de produção, vendas, gastronomia, turismo e outros.
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“Em outubro estaremos chegando a efetivamente 40 mil litros de capacidade da planta dentro do nosso funcionamento atual, mas com crescimento de tanques e turnos de produção a unidade poderá produzir até 500 mil litros dentro da localidade atual.” disse o sócio da Hocus Pocus sobre a capacidade da cervejaria.
Com todo o seu portfólio em Três Rios a marca produz em torno de 30 mil litros de cerveja mensais. Pedro comenta sobre os novos desafios com a responsabilidade da unidade.
“A fábrica é um compromisso bem grande, com custos enormes e uma responsabilidade muito maior. Como ciganos o pior que pode acontecer é simplesmente pararmos de fazer cerveja, com a fábrica a questão de sobrevivência fica muito mais urgente”
Entre prós e contras da produção própria e terceirizada o sócio da Hocus Pocus comentou “Fazer uma fabrica está longe de ser uma decisão obviamente benéfica para todos os ciganos, mas a segurança de saber onde vamos produzir no longo prazo também é ótima”
A produção para cervejarias ciganas não está entre os objetivos de início da fábrica, porém Pedro não descarta essa possibilidade numa fase futura. “Estamos abertos a essa possibilidade, sim. Não no curtíssimo prazo, mas estamos”.
Dada a amplitude de variedade de público e de cervejas construídos pela Hocus Pocus, a cervejaria investiu em numa diversidade de unidades de envasamento e de embalagens na nova fábrica.
“Temos uma envasadora de latas e uma de garrafas na fábrica, infelizmente ainda não existe tanto costume de se beber direto da lata por aqui” comenta Pedro.
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A localização da nova fábrica é vantajosa do ponto de vista logístico pois atende bem os dois principais mercados da Hocus Pocus que são Rio e São Paulo.
“É meio que “central” aos dois mercados, por mais que seja muito mais perto do Rio de Janeiro do que de São Paulo. É perto de Minas Gerais também” diz Pedro.
Um dos investimentos da nova fábrica num futuro próximo será na experiência do público dentro da unidade de produção, com área de consumo e contato com outros produtos que comuniquem a atmosfera criada pela marca da cervejaria.
“Planejamos que nosso público tenha contato com o espaço. Por enquanto estamos focando na qualidade e nos processos, quando tudo estiver 100% a gente começa a pensar na experiencia das pessoas na fábrica” finaliza Pedro
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.