Com investimento bilionário liderado pela Agrária Malte, o Paraná ampliará produção de malte no país

A Agrária Malte , maior grupo comercial de malte do Brasil que atende cerca de 30% do mercado nacional de malte, está planejando uma nova maltaria com capacidade anual de 240.000 toneladas. 

Após uma recente expansão para 360.000 toneladas, a Agrária Malte se tornará uma das dez maiores empresas de malte comercial do mundo, com uma produção anual total de 600.000 toneladas.

O investimento de R $ 1,5 bilhão foi anunciado no dia 05 de abril hoje é apoiado pelo estado do Paraná e será feito por um pool de 6 cooperativas agrícolas lideradas pela Cooperativa Agrária Agroindustrial , proprietária da Agrária Malte. As demais cooperativas são Bom Jesus / Lapa), Capal / Arapoti, Castrolanda / Castro, Coopagrícola / Ponta Grossa e Frisia / Carambeí. 

Juntas essa cooperativas movimentaram R $ 16,4 bilhões em 2020. A fábrica será erguida ainda este ano, em uma área entre as cidades de Ponta Grossa e Carambeí, no estado do Paraná.


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“O projeto é fruto de uma colaboração. Com a implantação da maltaria Campos Gerais , queremos aumentar a produção de cevada em toda a região, já que todas essas cooperativas têm conhecimento no plantio desse grão. Vamos unir forças e aproveitar a sinergia. É um projeto ousado, que vai gerar receita para o Estado e, principalmente, resultado para os nossos associados ”, disse Jorge Karl , diretor-superintendente da Cooperativa Agrária. “O Governo do Paraná tem dado muito apoio ao agronegócio, o que facilita acordos como esse”.

O Paraná é o principal produtor de cevada do Brasil. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura, o estado respondeu por 60.300 hectares em 2019, ou seja 54% da área total de cevada do país, um aumento de 8% em relação a 2018. Outra grande área de cultivo de cevada é Rio Grande do Sul, com cerca de 37% da produção de cevada do país. 

Outros produtores menores são os estados de São Paulo e Santa Catarina com menos de 5% da área total cada. Com uma produção de 241,5 mil toneladas de cevada, o Paraná respondeu por 60% da produção total do país, um aumento de 10% em relação ao ano anterior.

As primeiras estimativas para a produção deste ano são de 303,6 mil toneladas, volume que supera em 12% o resultado da safra anterior. A área prevista é de 66 mil hectares, 3% superior à safra 2019/2020, de acordo com publicação da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná.

Expectativa de que o projeto liderado pela Agrária Malte gere mais de 1.100 empregos

“Temos muita área para usar durante o inverno. Todo esse centro-sul do Paraná não tem opção, por exemplo, de fazer uma segunda safra de milho, que dá espaço para a cevada. Temos boa qualidade e produtividade e muito terreno para crescer o que facilita a vida do pequeno agricultor ”, explica o secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), Norberto Ortigara .

“Em um momento tão difícil para a economia do mundo, aqui no Paraná podemos ver a força das cooperativas com a união dessas seis marcas. É um projeto fantástico e ambicioso, que consolida o Paraná como um grande berço da produção de cevada do país ”, disse o governador do Paraná Carlos Massa Ratinho Junior . “Investimento que vai gerar mais empregos e atrair novas indústrias de cerveja para o Estado”, acrescentou.

A estimativa inicial é gerar 100 empregos diretos, além de outros 1.000 indiretamente. Para abastecer a nova maltaria com cevada, são necessários cerca de 100.000 hectares para o cultivo da cevada, um aumento de 50% do que é plantado hoje. Além disso, o estado espera atrair mais cervejarias que podem se beneficiar com o baixo custo da matéria-prima e frete barato.

A Cooperativa Agrária foi fundada em 1950 por imigrantes alemães, eles se estabeleceram no sul do Brasil e começaram a cultivar a terra como faziam há séculos em sua antiga terra natal. No início, o foco era em produtos como soja, milho e trigo. 

Em 1981, com a ajuda de especialistas alemães, a cooperativa iniciou a produção de malte de cevada. A maltagem era inicialmente uma joint-venture da Agrária com o grupo cervejeiro Antarctica que detinha uma participação minoritária de 40% na joint-venture. Tempos depois, a Antarctica vendeu sua participação para a Agrária.

Acompanhando o crescimento da produção de cerveja, a capacidade anual da maltaria de Colônia Vitória, em Guarapuava no Paraná, foi ampliada para 360 mil toneladas de malte. Após esta ampliação, a Agrária Malte diversificou sua produção para além do malte Pilsen, passando a produzir também malte Pale Ale, maltes Vienna e Munich, que são destinados principalmente ao crescente mercado nacional de cerveja artesanal.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.