O Brasil acabou de ganhar seu primeiro cultivar de trigo desenvolvida no país com o objetivo de fabricação de malte, resultado de um investimento da FAPA (Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária) e a Biotrigo Genética.
As cultivares de trigo possuem características específicas apresentando capacidade de adaptação em maior ou menor grau a diferentes tipos de uso.
Chamada de Bioweiss, a nova cultivar resulta de um trabalho de 6 anos de pesquisa entre as duas companhias.
Para atender as especificações necessárias para a indústria cervejeira a uma cultivar foi desenvolvida para apresentar baixo teor proteíco, alto rendimento de extrato e bom sortimento, aliados à boa performance no campo, como boa produtividade, tolerância ao acamamento e baixa suscetibilidade às doenças.
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“O Brasil é o terceiro maior produtor de cervejas do mundo e com o aumento no número de cervejarias há também uma procura maior por produtos diferentes, como o Malte de Trigo.” comentou Kênia Paula Ribeiro Meneguzzi, Gerente de Desenvolvimento de Produto para a Indústria da Biotrigo.
O Paraná atualmente é o maior produtor de malte e cevada do Brasil e a Agrária é uma das dez maiores empresas do mundo neste segmento. O novo projeto vem adicionar mais uma parcela de atuação neste mercado.
“Percebemos essa demanda do mercado a partir de uma visita técnica de dois mestres cervejeiros da Alemanha. Um pouco mais tarde a FAPA e a Agrária nos procuraram buscando por este tipo de genética. Desta forma, começamos a trabalhar em conjunto para o desenvolvimento de cultivares nacionais de trigo para fabricação de malte, sendo a Biotrigo Weiss o primeiro fruto desta parceria”, explicou Kênia.
Produção comercial do Biotrigo Weiss ainda será iniciada
Embora já possua a chancela da Agrária Malte para a fabricação do insumo cervejeiro, a Biotrigo Weiss ainda não está presente na produção do Malte de Trigo destinado ao mercado.
Para atender as especificações necessárias para a indústria cervejeira a uma cultivar foi desenvolvida para apresentar baixo teor proteíco, alto rendimento de extrato e bom sortimento, aliados à boa performance no campo, como boa produtividade, tolerância ao acamamento e baixa suscetibilidade às doenças.
De acordo com Juliano Luiz de Almeida, pesquisador da FAPA, as lavouras de semente começaram a ser plantadas com a nova cultivar este ano e a produção do cereal em escala suficiente para atender à demanda da indústria deve se concretizar em 2025.
“Hoje, para produzir Malte de Trigo aqui no Brasil é preciso importar matéria-prima, especialmente de países produtores de trigo específicos. Criamos uma cultivar com características bastante semelhantes às do produto que vem do exterior, o que será um ganho para nossa indústria, pensando na diminuição de custos, e para o nosso cooperado, no quesito rentabilidade”, esclarece o pesquisador.
A Agrária tem ampliado seu investimento para a oferta de malte nacional nos últimos anos.
Além de uma nova maltaria, que irá fortalecer o Paraná como principal produtor do insumo cervejeiro no país, a empresa também anunciou recentemente que uma nova maltaria exclusiva para produção de maltes especiais será construída.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.