E se a Heineken comprasse o Grupo Petrópolis?

Publicação da revista Veja comenta que a Heineken tem tentado encontrar dono do Grupo Petrópolis, o que sugere interesse numa possível aquisição

A coluna Radar Econômico da revista Veja publicou que executivos da Heineken estão há 2 meses buscando marcar um encontro com Walter Faria, dono do Grupo Petrópolis, o que poderia sugerir um interesse da multinacional holandesa na aquisição da cervejaria brasileira.

Heineken e Grupo Petrópolis são, respectivamente, o segundo e terceiro maiores grupos cervejeiros presentes no mercado brasileiro e têm buscado conquistar nos últimos anos maior market share sob domínio da Ambev que possui mais da metade do volume de vendas da bebida no Brasil.

O Grupo Petrópolis, de acordo com relatório do Bank of America publicado recentemente, é a cervejaria entre as três maiores que mais tem crescido nos últimos anos no país e no ano passado inaugurou a sua maior fábrica no Brasil localizada em Minas Gerais.

Já a Heineken, vice líder em vendas de cerveja no mercado nacional, tem pautado seu crescimento em aquisições (a gigante adquiriu em 2017 os negócios da Brasil Kirin) e alavancagem de seu portfólio premium, onde está sua maior força na conjuntura atual de suas atividades no Brasil.


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Numa virtual aquisição do Grupo Petrópolis pela Heineken, a holandesa saltaria de seus 21% de market share para 36%, ainda longe dos cerca de 59% da Ambev, mas com um portfólio muito mais diverso e melhor posicionada em regiões onde o Grupo Petrópolis possui fatias maiores do mercado como no Nordeste.

O Brasil tem se tornado um mercado chave para Heineken no mundo, o país já conta com o maior volume comercial da holandesa no mundo e agora dá sinais de que deseja se tonar mais competitiva para além de seu portfólio premium, passando a disputar de forma mais intensa o segmento mainstream onde está trazendo uma marca internacional sua para a arena brasileira.

A últimas atividades de destaque da Heineken em aquisições de grandes grupos pelo mundo foram uma compra parcial da Snow que é a líder do mercado cervejeiro chinês em 2018 e no mês passado a holandesa adquiriu totalmente a United Breweries, maior cervejaria do mercado indiano.

Segundo a Veja as tentativas de encontros de executivos da Heineken com o dono do Grupo Petrópolis foram negadas.

O interesse da Heineken na Petrópolis poderia demonstrar um desejo de ir além e também aumentar a presença no segmento chamado de econômico, onde a cerveja Itaipava é um dos destaques, além de ampliar sua oferta em outras partes do portfólio com as marcas Petra, Black Princess e Cacildis, por exemplo

A transformação do Brasil num duopólio no mercado de cerveja com certeza necessitaria da validação de órgãos de garantia de concorrência no mercado nacional. No momento são só especulações, mas se ocorressem alterariam uma série de dinâmicas relacionadas aos negócios da cerveja no Brasil.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.