A Brewers Association, entidade sem fins lucrativos que promove e protege os interesses dos cervejeiros artesanais independentes dos EUA, publicou em suas análises uma visão bastante conservadora sobre as perspectivas do mercado de cerveja artesanal para 2021.
O economista-chefe da associação, Bart Watson, explorou em sua análise sobre o cenário para o presente ano da cerveja artesanal norte-americana algumas visões fundamentadas em dados obtidos pela instituição.
Um grande impacto para cervejarias artesanais independentes dos Estados Unidos, e também de todo o mundo, foram a intermitência de funcionamento e os fechamentos definitivos de estabelecimentos de venda direta para o consumidor como bares e restaurantes devido aos efeitos da pandemia da covid-19.
No caso específico norte-americano, isso foi agravado pelo fato da maior parte das mais de oito mil cervejarias artesanais independentes do EUA se fundamentarem no modelo de brewpub ou taproom, o que levou a esses negócios buscarem readaptações profundas para se manterem vivos nos últimos meses.
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O que esperar do mercado de cerveja em 2021
“Para 2021, meus modelos estão mostrando um crescimento de 6-7% em relação a 2020, mas os níveis de produção ainda estão abaixo do ano de 2019, o que significa que vai demorar até 2022 para as cervejas artesanais recuperarem seu antigo patamar e mais tempo para retornar totalmente à tendência de crescimento que tinha seguido de 3-4% de volume ao ano anteriormente” declarou Watson em sua publicação.
Um dos direcionadores mais importantes, destacados por Watson, que influenciam neste tempo de recuperação é que uma pesquisa realizada pela própria Brewers Association sobre perspectiva de retorno de consumidores aos canais de venda chamados de on-trade, formados por locais onde a venda é realizada diretamente no balcão como bares, restaurantes, brewpubs e taprooms.
Uma parcela de um quinto dos consumidores respondeu a pesquisa que não pretende retornar a estes locais até que uma vacina ou tratamento eficiente para o novo coronavírus esteja disponível para eles.
“A maior razão pela qual a recuperação total é improvável em breve? Cerca de um quinto dos consumidores on-trade estão esperando por uma vacina ou tratamento antes de retornar ao local (fonte: pesquisa da Brewers Association junto a Nielsen CGA). Por esse motivo, parece difícil acreditar que haverá qualquer recuperação significativa até o final do segundo trimestre, no mínimo” comenta Watson.
Este efeito sobre os hábitos de consumidores de cervejas artesanais no on-trade combinado com as novas configurações que o mercado de cerveja tem apresentado nos Estados Unidos, algo que a Catalisi explorou analogamente no mercado brasileiro em publicação no meio do ano passado, indica que em 2021 se sairão melhores as cervejarias que tem se adaptado mais eficientemente a estas condições nos últimos meses.
As perspectivas de contabilização do número de aberturas de cervejarias nos EUA em 2020 para BA é de 700 unidades, uma tendência de crescimento bastante abaixo dos últimos anos, enquanto o número de fechamento de cervejarias está ao redor de 300. Algo surpreendentemente positivo para Watson, porém o analista mantém os pés no chão.
“Temo que 2021 seja um ano em que o número de fechamentos corresponda mais de perto à realidade atual do mercado, e veremos o número de fechamentos de cervejarias aumentarem drasticamente. Não devemos confundir a falta de morte de negócios com a saúde dos negócios.”
Nós próximos meses a Brewers Association deve publicar os números oficiais referentes a volume de produção, abertura e fechamento de cervejarias artesanais independentes no maior mercado do mundo que é os Estados Unidos.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.