Novas fábricas de Heineken e Grupo Petrópolis aumentarão a competitividade no mercado cervejeiro do Brasil

Relatório de instituição internacional avalia que a construção das novas fábricas das rivais da Ambev aumentará a competição no mercado de cerveja do Brasil

O Bank of America avaliou os efeitos que ocorrerão no mercado de cerveja no Brasil a partir das novas fábricas da Heineken e do Grupo Petrópolis, respectivamente o segundo e o terceiro maiores grupos cervejeiros do Brasil, que estão entrando em operação no curto prazo.

Os investimentos aumentarão o clima competitivo com a Ambev, maior cervejaria do país, algo que já vem acontecendo nos últimos anos com o ganho de market share que suas rivais tem alcançado no mercado de cerveja do Brasil.

De acordo com o banco, cujo dados do relatório foram publicado pelo Money Times, Petrópolis e Heineken podem aumentar em até 30% a sua capacidade combinada de produção, enquanto a demanda não deve acompanhar esse ritmo, ou seja, um ambiente de maior competição e menor lucratividade para todas as marcas está no horizonte das grandes cervejarias.

Nos últimos 13 anos o reinado da Ambev sofreu perdas, a fatia de mercado da empresa em 2005 que era de 69% caiu para 56% em 2018. Recentemente, graças ao redesenho de uma parte importante de seu portfólio e ações para promover seu produtos de forma mais eficiente junto ao público alvo, a Ambev retomou uma parcela de sua participação chegando a 60%.


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O Bank of America estima um crescimento de 3% do consumo per capta de cerveja no Brasil passando de 14 bilhões de litros para 15,9 bilhões de litros nos próximos três anos. Esse número estaria ainda 0,5 bilhão de litros abaixo da capacidade de produção combinada de Ambev, Heineken e Grupo Petrópolis.

Ainda de acordo com o relatório o Grupo Petrópolis é de longe a cervejaria que mais cresce no Brasil. Em 2011 a empresa produzia apenas 1,4 bilhão de litros, menos da metade dos atuais 3 bilhões de litros em 2020.

Recentemente, a cervejaria colocou em operação sua maior fábrica no Brasil, em Uberaba, Minas Gerais, o que deve permitir à Petrópolis aumentar a sua capacidade para 4,7 bilhões, contra a capacidade instalada de 3,6 bilhões de litros em 2020. A capacidade máxima da unidade de Uberaba será alcançada em duas fases de desenvolvimento.

Enquanto o rótulo de maior volume de vendas da Petrópolis é a cerveja Itaipava, posicionada entre o segmento econômico e mainstream, seu rótulo que mais cresce é a cerveja Petra, seguindo a tendência de crescimento do segmento premium. Ainda nesta faixa de produtos também crescem as marca Black Princess e Cacildis que tem recebido investimentos recentes para seu desenvolvimento.

Heineken aposta em nova fábrica e entrada no mainstream para crescer no Brasil

A nova fábrica da Heineken, que ficará localizada na cidade de Pedro Leopoldo também Minas Gerais, entrará em operação apenas no final de 2022, com um investimentos de R$ 1,8 bilhão.

O relatório estima que a nova unidade da Heineken tenha capacidade de 1 bilhão de litros e opere com uma ociosidade menor do que a do Grupo Petrópolis, uma vez que a empresa apontou que em 2020 não foi capaz de aumentar seu volume de produção devido a restrições de capacidade produtiva.

Para ampliar sua participação no Brasil para além do mercado de cervejas premium, onde já possui a marca líder do segmento, a Heineken anunciou recentemente que está trazendo uma nova marca de seu portfólio internacional para competir no segmento de cervejas mainstream, a cerveja Tiger.

A novidade irá compor junto a Amstel os principais rótulos da empresa dentro da faixa de consumo de maior peso no mercado brasileiro de cerveja. A Heineken espera que Tiger tenha maior apelo dentro do grupo de consumidores mais jovens, para isso está investindo em inovações de embalagem mais alinhadas ao interesse desta faixa do público.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.