A Ambev acaba de completar a primeira fase de seu projeto de cutivo de lúpulo em Santa Catarina com a finalização de sua linha de processamento completo de lúpulo, entregando a matéria-prima finalizada para utilização na produção de cerveja.
A empresa já havia iniciado um viveiro para cultivo do ingrediente essencial na produção das cervejas com capacidade de produção de 60 mil mudas por ano que serão doadas a agricultores familiares da região, responsáveis pela fase agrícola da produção. Agora a unidade industrial para processamento de lúpulo e produção de pellets que viabilizam o armazenamento e transporte do insumo acaba de ser finalizada.
Esta etapa representa o encerramento da última fase do Projeto Fazenda Santa Catarina, de incentivo e fomento à cultura do lúpulo. A iniciativa, realizada em colaboração com pequenos agricultores catarinenses, foi iniciada em 2020, em Lages, onde o lúpulo é desenvolvido desde o seu plantio até se tornar matéria-prima pronta para uso nas cervejarias.
“Até um passado recente, o cultivo nacional de lúpulo parecia distante de se tornar realidade em terras brasileiras, já que seu desenvolvimento acontecia favoravelmente em climas frios, com alta incidência solar. Foi em Lages, onde já existia um tímido plantio, que a Ambev conciliou a vontade de produzir lúpulo nacional à experiência da comunidade local, para criar um projeto colaborativo de fortalecimento ao ecossistema”, conta Felipe Sommer, coordenador do Projeto Fazenda Santa Catarina. Além da doação de mudas, as iniciativas da companhia contemplam desde auxílio técnico para os produtores até o contrato de compra das plantas.
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O projeto da Ambev na Fazenda de Lúpulo Santa Catarina, além da planta de processamento, conta com um viveiro e uma lavoura experimental de 1 hectare destinada a testes de manejo.
Nesta fase que se inicia com a conclusão da planta piloto, os produtores poderão seguir diretamente da colheita para o processo de limpeza, secagem e embalagem para a venda, e poderão utilizar toda a infraestrutura da Fazenda Santa Catarina, dentro da Cervejaria Ambev de Lages. Ao longo dos próximos meses, produtores locais devem ser selecionados para receber 60 mil mudas de lúpulo. O plantio deve ter início em setembro para que a primeira safra ocorra em março de 2022. A expectativa é que aproximadamente 500 famílias sejam beneficiadas pelo programa nos próximos cinco anos.
“Estamos dando mais um importante passo para fomentar a produção de lúpulo no Brasil, já que importamos o ingrediente, expandindo nosso apoio para além da doação das mudas e acesso ao viveiro. Os pequenos produtores, futuramente, irão receber todo suporte sobre técnicas de excelência de cultivo de lúpulo, dadas as condições de clima e solo do país”, explica a Gerente da Cervejaria Ambev de Santa Catarina, Aline Trindade.
As primeiras fases do projeto na Fazenda Santa Catarina já contaram também com o lançamento de duas cervejas produzidas com lúpulo nacional. A Green Belly, uma hop lager feita em conjunto com a Lohn Bier, microcervejaria que possui parceria com a ZX Ventures, o braço de inovação da Ambev e também a Brazilian Blonde Ale, cerveja desenvolvida de forma colaborativa com outras nove microcervejarias catarinenses.
“Com o projeto na Serra Catarinense, agora temos a oportunidade de fazer parte de uma cadeia produtiva do início ao fim, e não apenas com flores, como vemos há décadas no Brasil. Estamos super empolgados com o resultado da cerveja Green Belly”, destaca Richard Westphal Brighenti, cervejeiro e sommelier da Lohn Bier comentando sobre a Green Belly que agora passará a ser produzida com pellets.
O lúpulo se desenvolve favoravelmente em climas frios e com alta incidência solar, por isso se tornou uma cultura agrícola proeminente em países como República Tcheca, Alemanha, EUA, Argentina, África do Sul e Nova Zelândia.
A produção no Brasil até poucos anos era tida como impossível dado as condições climáticas no país, um tabu que tem sido derrubado em nos últimos anos com o trabalho de pequenos produtores e tem recebido atenção especial das grandes cervejarias mais recentemente.
Em especial, o Grupo Petrópolis tem apresentado os resultados de seus investimentos na área, mais concentrados na região serrana do Rio de Janeiro e agora a Ambev mostra seus avanços fazendo questão de destcar que não só está investimento no tema mas montando um ecossistema capaz de criar uma cadeia de produção envolvendo pequenos agricultores e processamento do insumo
A capacidade de produção de lúpulo no Brasil a nível de ser significativo para substituição de importações em se considerando a produção das grandes cervejarias ainda demorará para ser testado.
A produção de lúpulos especiais destinados a pequenas cervejarias e produtos sazonais especiais será, provavelmente, uma das primeiras frentes a ser impactada, o que oferecerá novas oportunidades para o mercado de cervejas artesanais e já tem mostrado seus primeiros fruto
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.