Produção de lúpulo no Brasil ganha novo projeto da Embrapa de R$ 420 mil

Produção de lúpulo ganha mais um reforço com novo projeto de unidade da Embrapa destinado a desenvolvimento de tecnologias

A Embrapa ganhou um novo projeto de pesquisa e desenvolvimento com o objetivo de fortalecer iniciativas de agricultura familiar no cultivo de lúpulo na região serrana do estado do Rio de Janeiro

O investimento busca alavancar a participação de pequenos agricultores através de uma linha de pesquisa destinada ao desenvolvimento de tecnologias adequadas a este tipo de produtor.

O projeto, liderado pelo pesquisador Gustavo Xavier, envolve recursos da ordem de R$ 420 mil e tem como partes a Embrapa Agrobiologia, a Embrapa Agroindústria de Alimentos e a Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo, do Mapa. “Espera-se, em parceria com a Embrapa Agroindústria de Alimentos, o desenvolvimento de estudos e transferência de tecnologias que auxiliem os produtores em questões de melhoria de produtividade e qualidade da produção”, acrescenta Garofolo.

A produção de lúpulo na região serrana fluminense está entre as pioneiras em viabilizar variedades tropicalizadas da planta, que são aquelas que já passaram por um processo de adaptação ao clima e solo de regiões do Brasil. O país tem passado por uma fase de crescimento do insumo cervejeiro que praticamente dependente de importações na sua totalidade.


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Os maiores produtores do mundo de lúpulo são EUA e Alemanha, na América do Sul a maior produção da planta se encontra na Argentina. No Brasil o investimento na produção de lúpulo tem movimentado as grandes cervejarias e também pequenos produtores independentes.

“A cultura do lúpulo está em franca expansão e tem adquirido apoios regionais em políticas públicas municipais e estaduais. Mas ainda são necessários o desenvolvimento da cadeia produtiva e a agregação de valor a ela. É nessa temática que o TED se insere”, explica Ana Cristina Garofolo, chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Unidade.

Xavier concorda e aponta que o recurso representa ganhos para fortalecer uma emergente linha de pesquisa, desenvolvimento e inovação que já conta com um projeto em andamento, financiado pela Faperj, e que tem o Núcleo de Pesquisa e Treinamento de Agricultores (NPTA) como catalisador das ações na região serrana fluminense. “Esse TED visa a desenvolver tecnologias e informações adequadas à produção familiar e ao mercado de lúpulo com qualidade diferenciada, especialmente no que se refere às características de aroma, nas condições dos ambientes de montanha”, explica.

O pesquisador Renato Linhares, que atua no NPTA, em Nova Friburgo, também argumenta que os recursos do TED são muito importantes tanto para melhorar a infraestrutura administrativa da Embrapa Agrobiologia quanto para alavancar as ações de pesquisa. “Como a cultura do lúpulo é nova no País, temos um amplo campo para ser trabalhado, e o TED foi interessante para alocarmos recursos em bolsas de pesquisa para estudantes de mestrado ou doutorado”, afirma.

Segundo ele, apesar dos entraves provocados pela pandemia de Covid-19, as ações de pesquisa sobre o tema estão em andamento, com experimentos em Santa Maria Madalena, em parceria com a cervejaria Buzzi, e também em Teresópolis, na fazenda do grupo cervejeiro Petrópolis.

Projeto incentiva cadeia produtiva e agricultura familiar

Dentre as ações previstas, serão estudados aspectos agronômicos da produção do lúpulo, desde a produção de mudas e seleção de variedades de aroma até controle fitossanitário alternativo, manejo da adubação e calagem e alternativas de aporte de matéria orgânica provenientes de plantas de cobertura.

Também será feita pesquisa sobre a qualidade física, química e biológica do solo considerando diferentes manejos, incluindo uso de plantas de cobertura do solo, bokashi e microrganismos na perspectiva de bioinsumos inovadores. Além disso, serão verificados processos de pós-colheita que assegurem que os alfa e beta ácidos, bem como os óleos essenciais – elementos que caracterizam o sabor e o aroma da cerveja – sejam conservados.

Por fim, serão implantadas Unidades de Referência Tecnológica para capacitação e demonstração das melhores práticas agrícolas para o cultivo do lúpulo em áreas de produção de agricultura familiar, além de serem analisados aspectos mercadológicos das flores de lúpulo, com foco na captura de valor na cadeia produtiva.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.