Nos últimos dias as prefeituras do Rio de Janeiro e de São Paulo avançaram no relaxamento das medidas de distanciamento social permitindo a abertura de alguns negócios relativos a indústria de hospitalidade, incluindo bares e restaurantes que são responsáveis por uma grande parcela das vendas de cerveja no Brasil
A receptividade do público às medidas foi variada, indo desde a baixa procura pelos serviços dos estabelecimentos até a excessos que promoveram aglomerações que acabam por acelerar a disseminação do novo coronavírus.
Os protocolos demandados pelo poder público nas duas cidades se assemelham as medidas que tem sido adotadas em outros locais pelo mundo, e o asseguramento do funcionamento dentro do modelo proposto fica dependente da avaliação de como a pandemia avançará de acordo com os entes governamentais.
Pode-se destacar entre os tópicos requisitados pelos protocolos estão o uso de equipamentos de proteção por funcionários, checagem de temperatura na chegada de clientes, busca por priorizar serviço através de reservas, sanitização mais rígida e frequente do ambiente e redução da capacidade de atendimento de forma a manter distanciamento entre as pessoas.
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A decisão por reabrir os estabelecimentos não foi unânime e diversos negócios optaram por permanecer com seus respectivos locais fechados por acreditarem que não poderiam implementar de forma segura as medidas solicitadas para clientes e funcionários.
Estes negócios preferiram por manter o funcionamento no formato de entregas, que naturalmente reduz o faturamento, porém permite dentro de certos limites de flexibilidade a redução dos custos de operação.
Aqueles que decidiram pela reabertura necessitaram remodelar tanto estrutura física quanto operação dos estabelecimentos, algo que demanda capacitação interna das equipes, mostrando que para uma retomada de avididades de forma segura e correta demandará investimento.
Adicionalmente esse locais precisam comunicar de forma coerente para o público todo trabalho desenvolvido e solicitar a compreensão e colaboração dos clientes para que o funcionamento desses ambientes ocorra dentro das possibilidades atuais.
A limitação da ocupação do ambiente, que é superior a 50%, tem um impacto direto sobre a receita obtida por esses negócios e provavelmente o funcionamento dentro deste modelo passará a necessitar de forma mais expressiva do complemento de vendas a distância.
O que fica de fato já determinado para o mercado de cerveja é que bares e restaurantes, um dos principais canais de distribuição de produtos, apresentarão um volume de escoamento bastante limitado se comparado ao níveis habituais pré-quarentena.
A nova tônica para esses estabelecimentos – que podem ser cervejarias nos casos de brewpubs e taprooms – é a que tem dominado os movimentos do mercado em tempos recentes, que é a da diversificação dos canais de venda onde o meios eletrônicos vão exercer um papel cada vez mais crescente
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.