Com a necessidade de isolamento social e fechamento de bares e restaurantes, as ocasiões de consumo para cervejarias artesanais foram drasticamente reduzidas.
Como efeito disso um padrão de consumo voltado para estocagem emergiu entre parte do público, que tem aberto espaço para aquisição de maiores quantidades de cerveja por compra realizada para parte das pessoas que tiveram sua renda preservada.
Esse padrão de consumo se encaixa de maneira interessante tanto no formato de venda direta online para o público quanto também nos modelos de drive thru que foram adotados por algumas microcervejarias.
Adicionalmente, a combinação do padrão de consumo de estocagem com a venda direta abriu espaço para venda dos chamados pacotes de variedade por cervejarias artesanais brasileiras, formato de produto comuns por exemplo entre cervejarias norte-americanas.
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Pacotes de variedade oferecem a oportunidade para a cervejarias utilizarem a força de seu portfólio combinada a venda de volumes um pouco maiores de produto diretamente para o consumidor.
A embalagem de escolha para a construção desses packs é preferencialmente a lata principalmente devido seu menor peso e volume oferecendo conveniência para o transporte do produto.
Como exemplos de cervejarias que tem aproveitado a dinâmica atual para trabalhar seus packs estão a paranaense Bodebrown e a mineira Capapreta, por exemplo.
Um dos principais obstáculos encontrados anteriormente pela cervejarias brasileiras para adoção desse formato de venda combinando diversas cervejas se encontrava no preço elevado desses pacotes que costumam conter de 6 a 24 unidades, problema este que não ocorre nos “packs” das cervejarias dos EUA.
A pré-disposição para estocagem do público durante a compra rompeu, na dinâmica atual, com obstáculos relacionados a preço, uma vez que a venda direta da cervejaria acaba por oferecer um custo por unidade de lata de cerveja para o consumidor dentro do aceitável.
Pelo lado da cervejaria se abre uma oportunidade de venda em lotes um pouco maiores para o público, uma vez que a comercialização de barris, que é fundamental para aumento do giro de produto, foi duramente impactada.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.