O Brasil consumiu um total de 15,4 bilhões de litros de cerveja no ano de 2022 com retomada de grandes eventos e festividades tradicionais, além da Copa do Mundo que excepcionalmente ocorrida no verão, mostrando uma forte retomada após anos de impacto da pandemia.
O crescimento de consumo foi de 8% em comparação ao ano de 2021. No ano anterior o crescimento percentual havia sido de 7,7%, mostrando uma manutenção do ritmo de elevação do setor. Os dados são da empresa de pesquisa de mercado Euromonitor para o SINDICERV (Sindicato das Indústrias de Cerveja) entidade que tem Ambev e Heineken como associadas.
Os dados confirmam projeção apresentada no terceiro trimestre que já mostrava forte tração de consumo do setor que ainda contaria com a chegada do verão junto com a Copa do Mundo do Qatar.
A ampliação de vendas de cerveja no país em 2022 chama atenção por ocorrer em um ano de pressão inflacionária devido aos impactos principalmente da guerra entre Rússia e Ucrânia e também aos abalos nas cadeias de suprimento ainda por decorrência da pandemia.
Leia mais:
Minas Gerais ganhará nova fábrica de latas de R$ 710 milhões
O que esperar do mercado de cerveja em 2023
O Brasil se mantém como o terceiro maior produtor de cerveja do mundo, atrás respectivamente de China e Estados Unidos. A cadeia produtiva da cerveja representa 2% do Produto Interno Bruto e gera mais de 2 milhões de empregos diretos, indiretos e induzidos, com massa salarial de R$ 27 bilhões. O faturamento do setor cervejeiro apresentou alta de 19,8% em comparação a 2021, totalizando R$ 277,4 bilhões contra R$ 231,6 bilhões no ano anterior.
Uma parte notável do crescimento do volume de vendas do setor cervejeiro foi apropriado pela Ambev, que teve o ano de maior volume de vendas de sua história em 2022, com o mercado brasileiro se sobressaindo na performance da multinacional que atua também no Canadá e na América Latina.
De acordo com os dados levantados pelo Euromonitor, cervejas do tipo lager são as mais populares entre os brasileiros com 97% do volume total vendido no varejo, sendo um que as cervejas premium seguem como categoria em crescimento.
A categoria premium tem apresentado uma corrida a parte dentro do mercado brasileiro de cerveja com investimentos das 3 grandes do setor (Ambev, Heineken e Grupo Petrópolis) e atraindo novos investimentos como da Coca Cola, que tem se posicionado dentro do setor cervejeiro, e também da espanhola Estrella Galícia que tem mirado no Brasil como um mercado chave para a companhia.
Um outro ponto de destaque muito relevante do relatório da Euromonitor foi o crescimento do segmento de cerveja sem álcool no Brasil, resultado da tendência do aumento da busca de consumidores por opções saudáveis e de consumo consciente.
A estimativa foi do consumo aproximado de 390 milhões de litros, o que corresponde a um salto de crescimento de 37,6% contra o ano de 2021.
Perspectivas de aumento do consumo de cerveja sem álcool, bem como de outras opções com teor de álcool reduzido foram destacadas pela Catalisi já há 4 anos, mostrando a tendência de entrada no país de um comportamento já observado na Europa e América do Norte.
Receba semanalmente o melhor conteúdo sobre o mercado de cerveja
Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.