Apreciadores de cerveja possuem uma relação especial com cervejas frescas servidas sob pressão, o que no Brasil é chamado de chope, e frequentemente só são encontrados em bares.
A cervejaria artesanal francesa Gallia, que possui participação minoritária da Heineken, decidiu encarar o desafio de levar a venda de chope para o ambiente do autosserviço (como supermercados), lançando um sistema exclusivo para este canal de venda.
Em parceria com a multinacional holandesa, a cervejaria concebeu um dispositivo de fácil operação onde o cliente realiza todo o serviço sozinho. A primeira unidade entrou em funcionamento numa loja da rede de varejo parisiense Monoprix.
O sistema funciona com o cliente comprando um growler de cerca de um litro disponível junto ao equipamento. Ele abre uma porta correspondente ao estilo de sua escolha e posiciona o growler no compartimento indicado. Uma parede de vidro bloqueia o acesso por um minuto, enquanto o recipiente enche. Um sinal sonoro avisa o cliente que ele pode pegar o growler cheio de cerveja gelada e fechá-lo com uma tampa de rosca.
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A máquina então emite uma etiqueta adesiva para ser afixada na garrafa. Etiqueta na qual estão expostas todas as informações relativas à referência da cerveja escolhida bem como o código de barras que permite ir o pagamento no caixa.
Após o consumo o cliente pode retornar o growler ao ponto de venda para receber de volta o valor de aquisição do mesmo (1,50 euros). A start-up Lemon Tri cuida da sanitização dos growlers em sua unidade vizinha à cervejaria e os retorna limpos junto com o envio das cervejas para o mercado, tudo isso funcionando num raio de 20 quilômetros, o que reforça o apelo do consumo local.
“Se o chope tem ganho mercado nos últimos anos, esta é a primeira vez que a venda neste formato ocorre em supermercados, com esse nível de qualidade e em embalagens reutilizáveis”, destacou Pascal Gilet, presidente da Heineken França em publicação do portal francês LSA.
Este projeto piloto será estendido para cerca de trinta lojas em seis meses. Novas cervejas podem ser oferecidas, logicamente as do grupo Heineken.
A multinacional possui participação em diversas cervejarias artesanais europeias como a holandesa Oedipus e a britânica Beavertown. A nível global a única marca artesanal impulsionada pela gigante até o momento é americana Lagunitas que também tem buscado espaço na Europa.
A cervejaria Gallia foi uma marca de cerveja fundada em Paris em 1890, mas que foi retirada do mercado em 1969. 40 anos depois, em 2009, foi trazida de volta à vida por dois sócios que transformaram sua paixão pela cerveja em um emprego.
Em setembro de 2019 ganhou um participação minoritária da Heineken que entre um dos seus objetivos teria o de quintuplicar a produção de cerca de 70 mil litros mensais da cervejaria artesanal francesa construindo uma nova unidade de produção para a marca.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.