O mercado de produção de lúpulo ficará ‘super lupulado’ em 2020. O excesso de lúpulo – imagem que deve levar os apaixonados por cerveja ao delírio – na verdade é um grande desafio para os cultivadores da matéria-prima dedicada a cerveja.
O período de colheita de lúpulo no hemisfério norte começou e uma avaliação preliminar da Associação de Produtores Alemães de Lúpulo indica um aumento de 7,1% no primeiro relatório a safra. Isso significa um crescimento de 48,4 mil toneladas para 48,8 mil toneladas na Alemanha que é o segundo maior produtor mundial do insumo.
A variedade Hallertau continua sendo de longe a de maior área plantada com tamanho mais de 10 vezes maior do que a variedade Elbe-Saale, segunda colocada. A área de cultivo de lúpulo na Alemanha aumentou em 14% em 2020 resultando em 20.706 hectares.
O maior produtor mundial de lúpulo continuará sendo os Estados Unidos que supera ligeiramente a Alemanha. Os EUA terão uma área plantada de lúpulo de 23.957 hectares, um crescimento de cerca de 5% em relação a 2019, de acordo com a Hop Growers of America.
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É esperado que os Estados Unidos tenham sua maior safra em décadas com a variedade Citra tendo maior área dedicada (19%), seguido por Columbus Tomahawk (11% ), Mosaic (9% ), Simcoe (7%), Cascade (7%) entre os cinco primeiros.
Os países que seguem Estados Unidos e Alemanha na produção de lúpulo são República Tcheca, China, Eslovênia, Polônia, Reino Unido, Austrália, Espanha e Nova Zelândia que estão distantes dos patamares de produção dos dois primeiros.
A área global para o cultivo de lúpulo cresceu para 62.644 hectares em 2020, o que se tornou um desafio para os produtores devido a queda na utilização de lúpulo neste ano em virtude da retração de consumo no volume de cerveja, um dos efeitos da pandemia do novo coronavírus.
O lúpulo tem praticamente 100% de sua utilização direcionada ao mercado de cerveja, o que torna seu cultivo uma atividade de alto risco, isto fica evidenciado no caso de quedas acentuadas no consumo da bebida.
O crescimento na última década no plantio de lúpulo pelo mundo está totalmente relacionada com a ascensão do mercado de cerveja artesanal que, apesar de um segmento pequeno comparado com o mercado total de cerveja, demanda maiores quantidades e variedades do insumo.
As decisões de plantio de uma safra para outra necessitam ser realizadas com muita antecedência para o desenvolvimento do produto agrícola e a quebra nas expectativas de consumo levarão a queda de preço em compras realizadas fora de contratos para as variedades de lúpulo mais comuns.
Em países como o Reino Unido a queda no consumo de lúpulo pode levar a inviabilidade financeira de uma parcela dos responsáveis pelo cultivo da planta, caso a produção não encontre compradores boa parte dos plantadores deverão sair do mercado de acordo com publicação do Financial Times.
A combinação do crescimento da plantação com a queda de demanda por lúpulo abrirá oportunidade para a aquisição do insumo em menores preços para compradores ao redor do mundo.
No Brasil, um importador da matéria-prima, esta oportunidade para aproveitamento de preços mais baixos pode não ser efetiva devido a subida do dólar no país que já começa a impactar os preços da cerveja no mercado nacional.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.